Frases feitas sempre existiram, e sempre existirão. Algumas
não passam disso mesmo, outras trazem tanta verdade incutida que quase que
ficamos presos naquela linha de raciocínio e não temos capacidade para
acrescentar mais nada. Está a acontecer-me agora mesmo. Tanto fiz que agora
tanto faz. É isto. Estou a tentar dar pontapés para que as letras andem mais
para a frente mas elas estão a fazer força para ficar aqui e para não avançar mais.
Realmente nós achamos sempre que estamos certos, digam o que
disserem, nós damos um encolher de ombros e pensamos “que se lixe, logo se vê”.
E agora? Quanto te está a custar esse teu “logo se vê?”, quantas vezes já
desejaste tu ter dado algum crédito aos meus sinais? Foram tantos. Só faltaram
desenhos, e eu acho que nem desenhos me escaparam. Dei-te tanto, fiz-te tanto. Desejei
tanto que o teu amor tivesse a mesma intensidade que o meu. Implorei-te tanto,
e tu nem te apercebias. Agora é como se se tivesse esgotado. Eu pensava que
algo assim nunca se esgotaria, achava que era eterno. E é, mas quando temos
algo que nos alimente, que nos acompanhe, e eu fiz quase tudo sozinha, agora,
acabaram-se-me as forças. E eu queria tanto que não tivesse sido assim. Eu
queria tanto que fosse fácil, queria tanto que o teu amor agora bastasse,
queria tanto estalar os dedos e sentir outra vez aquele êxtase que eu sentia,
que eu sentia sempre, como no primeiro dia. Mas agora é difícil. Agora olho
para os teus olhos e já não vejo nada. Agora quando fecho os olhos na tua
presença já não me arrepio, já não sinto calafrios e o meu coração já não
acelera o bater. E eu queria tanto que desse certo.
Agora que tu tens tanto para dar….
Agora todos os minutos são poucos não é? Enquanto eu estou
aqui aos pontapés nas palavras, as tuas parecem que se atropelam umas às
outras. Agora é como se tivesses de mudar o mundo e só te restassem escassos
segundos para o fazeres. Agora tu vês o mundo de todas as cores, e tens tanta
vontade de mostrar o teu ponto de vista. Queres tanto descobrir o fim do arco
iris, queres tanto ouvir o barulho da natureza e não perder nenhum fenómeno.
Queres, não queres? Agora queres tanto dançar até perder as forças, queres
tanto que um abraço dure uma vida. Agora queres tanto dizer tudo o que ficou
por dizer. Queres realizar todos os sonhos, queres tanto viajar, queres tanto
correr até te faltar o ar nos pulmões. Queres tanto oferecer tudo o que
poderes. Agora vês brilho em tudo. Agora todas as músicas têm significado,
agora tudo o que vês tu queres que eu veja também. Não queres que eu perca um
único passo de nada. É isso, não é? E sabes porque é que eu sei isso tudo?
Porque eu já estive aí. Eu já te quis tanto, eu já fiquei sem ar para respirar
quando as minhas chamadas iam ter ao atendedor, quando não sabia se estavas
bem. Eu já senti na pele o medo de te perder sem que pudesse fazer nada por
isso. Eu já quis tanto fotografar todos os lugares por onde passei sem ti para
que os visses também. Eu já quis transportar os cheiros para que tu os
sentisses também. Eu já te quis dar o mundo. É por isso, meu amor, é por isso
que eu sei perfeitamente o que tu estás a sentir. E ambos sabemos onde tu
estavas quando eu senti tudo isso. Estavas inconsciente, no teu mundo ingénuo do
qual eu te tentava elucidar, e tu achavas que era aquilo, só aquilo... Achavas
que eu era extenuante e que nunca estava satisfeita. Mas sabes a diferença? Eu
estou aqui, seco-te as lágrimas e amparo-te, e quando eu aí estava, não havia
ninguém aqui. Fiz quase tudo sozinha.
Eu sinto tanto. Sei o que é estar aí, ninguém deveria estar.
Mas já não depende de mim. Agora só depende de um subconsciente completamente
consciente de tudo. Só espero que esta dor passe depressa, espero que tenhas
aprendido a lição, que eu nem queria que fosse lição alguma. Espero que acabe
em bem, espero que o tempo cure, espero que deixe de doer. Espero voltar a
sentir. Espero. Espero tanto.
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