Despedimo-nos com um aperto no peito, um olhar triste e uma promessa de regresso que sabíamos que não íamos cumprir. Disseste-me "Vai viver a tua vida, sê feliz, um dia a gente encontra-se".
Eu podia viver mil vidas, tinha a certeza que esse encontro não ia acontecer.
Fomos viver a nossa vida. Vivemos experiencias que certamente naquela época, juntos, não seria possível. Explorámos tudo o que havia para explorar, separados. Fomos vida, demos vida, deram-nos vida a nós. Felizmente, agora sei, não a suficiente. Lembro-me de querer sempre saber de ti, perguntar por ti, não perguntar e ainda assim querer saber se eras feliz. Lembro-me até de ficar feliz pelas tuas conquistas. Guardei-te com amor e carinho num lugar só teu onde mais ninguém tinha acesso e o tempo passou.
Faz quinze anos que te amei ao ponto de sofrer horrores por saber que não podíamos ficar juntos, embora quiséssemos. Éramos miúdos. Cheios de vontades e com pouca sabedoria. Olhar para ti naquela altura era como olhar para um mar raso, sabia que ao mergulhar me ia magoar. Tu próprio sabias. Mas hoje, a nossa vida mudou.
Existe uma lenda japonesa, conhecida como "akai Ito". Essa lenda descreve que existe um fio vermelho invisível que conecta as pessoas que estão destinadas a encontrar-se e a ficarem juntas. Independentemente do tempo, lugar ou circunstâncias. O fio pode esticar, emaranhar-se mas nunca se romperá. Cada vez que penso nisto arrepio-me. A vida é a experiencia mais incrível que podemos ter. Surpreende-nos de todas as formas, tira e dá no momento certo. É por isso que aqui estamos nós. Adultos, conscientes, com a mesma intensidade do passado, mas mais vontade para fazer acontecer. A saber disfrutar de cada dia com um sentimento diferente.
Quando aceitamos o fim de um ciclo, o universo entende que estamos prontos para continuar. Acho que é neste ponto em que me encontro. Às vezes certas coisas acontecem na nossa vida para nos mostrar o porquê que não ter dado certo antes. Quando estamos no meio de uma tempestade não conseguimos ver nada de positivo, mas no dia seguinte em que o sol brilha e vemos tudo com mais claridade, acabamos por perceber o que não conseguíamos ver no escuro.
Sem amarras do passado, sem pressa de futuro. Só a consciência de que há conexões que resistem ao tempo e à distância. E que quando se voltam a cruzar, fazem sentido.
E é por isso que hoje, com mais maturidade e menos ilusões, vejo com clareza: há reencontros que não são acaso. São escolha. E sem qualquer tipo de dúvidas, eu escolho-te 💕
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