Há dias em que tenho de correr para o ecrã porque sinto que o que me ocupa a cabeça tem de rapidamente ser descarregado antes que se perca na imensidão dos meus pensamentos. Outros que apenas sinto que tenho de dizer algo, mas não sei bem o que. Este é um destes momentos. Estou colada ao ecrã a deixar que os meus dedos deslizem pelas teclas à medida que os pensamentos me surgem. Não sei que tipo de escrita é esta, eu chamo a que me deixa de coração mais calmo, porque neste momento está bem apertado. Chegou ao fim mais um ano. Mas este é especial. Achei que ia ser igual aos outros, meio sem graça, em que andamos aqui a procura de algo que nos faça sentir e tentar idealizar um objetivo que está muito lá ao fundo, mal o vemos, mas guardamos a esperança de um dia o alcançar. Era essa a minha posição, e tristemente tinha-me entregue a ela de corpo e alma. Felizmente tenho pessoas maravilhosas à minha volta que me abrem os horizontes todos os dias. Umas com palavras doces, outras com palavras duras, outras com poucas palavras, outras com palavras certeiras. Mas todas elas têm em comum uma coisa: são palavras com amor, com o único objetivo de me ver feliz. E não há muito tempo uma dessas pessoas disse-me que a vida era realmente curta demais para viver entregue a algo que eu sentia há muito tempo que não era meu. Depois de eu ter dito que achava que era isto que a vida tinha para mim. Mas com as suas palavras, doces, certeiras e ao mesmo tempo rígidas, fez-me prometer que eu ia fazer por ser feliz. Que não podia estar sentada a ver a vida passar. Eu não lhe prometi. Não tinha sequer forças para pensar sobre isso, mas aquilo nunca mais me saiu da cabeça. Todos os dias, eu não sabia bem para onde ir, mas no meu mais profundo ser, sabia perfeitamente onde já não pertencia. Neguei-me muito. Forcei-me e lutei bastante para encarar uma realidade que já não era a minha. Mas a vida mais uma vez mostrou-me que o que é para ser tem muita força.
Acho que cheguei ao ponto em que pura e simplesmente, estou feliz. Tão feliz como não estava há muito tempo. Aquela felicidade que faz o coração bater depressa demais, o ar faltar e não nos deixa estar quietas no mesmo sítio porque a ansiedade do amanhã leva a melhor. Parecem sintomas tristes, mas o motivo de os ter está neste momento do outro lado do oceano.
Lógico que eu sou amor, lógico que eu já senti paixão. Mas sentir uma coisa destas aos trinta anos não estava nos meus planos. E ter de aprender a lidar com saudades, muito menos. Eu era das que sabia tudo e achava que dominava os sentimentos todos. E de repente a vida dá-me este choque de realidade para me abanar e fazer perceber que, sou eu. Estou aqui. Sozinha. Inteira ou quebrada, mas por minha conta. E sinto-me num misto de sentimentos como nunca antes. O sabor da independência deixa-me a boca doce, de saber que eu sou suficiente, que chego, que basto e que consigo o que quiser sozinha. É um sentimento que eu não tinha experienciado. Mas o sentimento de querer consegui-lo com outro ser oposto, dá-lhe o sabor agridoce, porque acredito piamente que a felicidade tem de ser partilhada, talvez há quem seja feliz sozinho, não eu, mas certamente a vida a dois tem um sabor inigualável.
Conheci a melhor pessoa que poderia pedir. E eu nem sequer pedi ninguém, só felicidade e bem estar. E a vida colocou-me um Homem com H grande no caminho, independente, dono dele próprio e com uma sede de viver maior que a minha. É quase como uma sinfonia a forma como nos conjugamos e nos planeamos. Mas não há perfeição. Idealizamo-la, mas não existe. O que existe são duas pessoas, diferentes, que encaixam tão bem que não se querem largar nunca mais. É aqui que me encontro.
Com os meus humildes trinta anos, entendi que nem sempre existem flores, mas que um diálogo cura corações, cura dores, cura tudo. Achava também até aqui que era impossível voltar a sentir um amor assim, daqueles que não conseguimos colocar em palavras. Mas vá lá, sabemos que esse é o meu forte.
Descrevê-lo é falar de amor. É um amor que dói. Dói porque trás com ele tudo o que eu sempre desejei, tudo o que idealizei nos meus sonhos. Tudo o que me faz chorar de emoção, e pensem em alguém que chora...
Dói porque quanto mais subimos, maior é a queda, quanto mais amamos, maior é o medo. Quase como quem tem medo de perder o bem mais precioso, porque sabe que dificilmente vai encontrar um sapato que encaixe tão bem. O jonny é essa pessoa na minha vida. Ele é amor, é parceiro, é cuidado, é atenção, é carinho, é dos que chega sem avisar e nos abraça por trás, dos que beija com a vontade de nunca mais terminar, dos que faz amor com a intensidade de quem deseja com todos as veias do corpo, dos que acorda só para nos ver dormir, dos que nos dá os bons dias com beijos e sorrisos. Ele é o meu sonho tornado realidade, a pessoa que eu sempre idealizei. O nosso primeiro beijo fez-me perceber que a minha vida inteira ia mudar naquele segundo, e isto eu não consigo explicar. Mas nunca mais nos largámos desde aí. Indo contra tudo aquilo que nos impedia, decidimos que era assim que ia ser, e foi. Este homem é parte dos elementos do ar que eu respiro, e é por isso que agora me sinto tão fraca.
Faltam hoje exatamente vinte e nove dias para o voltar a sentir fisicamente. Porque está sempre comigo, nos meus pensamentos, no meu olhar, na minha boca e em todas as partes que são vivas em mim, mas por muito que sejamos crescidos o suficiente para entender que há momentos em que temos de viver à distância, acho que no que toca a sentimentos nos tornamos insanos. É quase desesperante esta necessidade constante de ter a cabeça ocupada para não pensar, mas ao mesmo tempo não conseguir tirá-lo do pensamento um único segundo. Porque como a pessoa maravilhosa que me incentivou a ser feliz disse, a vida é curta demais, e acrescentando a isso demorou a juntar-nos.
O meu maior desejo para além do cliché que se pede quando bate a meia-noite que dita o novo ano, é que as nossas almas continuem ligadas nesta sintonia, que nos continuemos a desejar a todos os minutos do dia e da noite, que os nossos objetivos se concluam e que o nosso amor nos acompanhe sempre, com a qualidade e intensidade de hoje, porque ele também me ensinou que nesta vida não importa quanto, importa como.
Tenho em mim toda a saudade do mundo.
Para o meu Jonny.
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