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Mensagens

Akai Ito

Despedimo-nos com um aperto no peito, um olhar triste e uma promessa de regresso que sabíamos que não íamos cumprir. Disseste-me "Vai viver a tua vida, sê feliz, um dia a gente encontra-se".  Eu podia viver mil vidas, tinha a certeza que esse encontro não ia acontecer.  Fomos viver a nossa vida. Vivemos experiencias que certamente naquela época, juntos, não seria possível. Explorámos tudo o que havia para explorar, separados. Fomos vida, demos vida, deram-nos vida a nós. Felizmente, agora sei, não a suficiente. Lembro-me de querer sempre saber de ti, perguntar por ti, não perguntar e ainda assim querer saber se eras feliz. Lembro-me até de ficar feliz pelas tuas conquistas. Guardei-te com amor e carinho num lugar só teu onde mais ninguém tinha acesso e o tempo passou. Faz quinze anos que te amei ao ponto de sofrer horrores por saber que não podíamos ficar juntos, embora quiséssemos. Éramos miúdos. Cheios de vontades e com pouca sabedoria. Olhar para ti naquela altura era como...
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"Depois do medo, vem o mundo"

No dia que li esta frase, foi o momento em que entendi tudo.  Depois de toda a tempestade que passou por mim, senti finalmente que descansava sob uma cama de nuvens, cheia de conforto. Achava que era aquilo a recompensa por tudo o que já me tinha atormentado no passado e entreguei-me sem medo. Entreguei-me como quem está tão cansada que coloca as decisões nas mãos de outra pessoa e desfruta do caminho.  Mas Deus tem sempre um plano maior para nós, mesmo quando não entendemos.  Vivi os melhores dias da minha vida, as melhores semanas e os melhores meses. Amei, fui amada, cuidei, fui cuidada, abracei, fui abraçada, beijei, fui beijada. Depois veio a escuridão. Fui deixada como quem fecha uma janela num dia de sol. Assim, nessa rapidez. Os sonhos, os planos, toda a vida que sonhei, puxada debaixo dos meus pés de repente e sem qualquer hipótese de recuperação.  Seguiram-se dias muito duros. Em que me questionei a mim própria, perguntei-me onde é que não fui suficiente, o...

O amor que eu merecia

Há seis meses conheci a pessoa que me mudou. Seria cliché chamá-lo de amor da minha vida, uma vez que ainda estamos a menos de meio do fim da nossa vida, e só podemos tirar elações no final da história. A vida surpreende-nos, sempre. Normalmente, quando menos esperamos. Sendo eu uma pessoa de vivências, é curioso conseguir distinguir os sentimentos que guardo dentro do peito. Ao longo da vida temos alguns amores. O da adolescência, que nos faz acreditar que tudo é um conto de fadas, mas mais tarde ou mais cedo nos quebra. O da vida adulta, que julgamos eterno e melhor ou pior, é o que temos. Mas depois existe isto. Que ainda não sei bem definir. Acho que lhe vou chamar o amor que eu merecia. Este amor traz com ele a paz. Traz a paz de um final de tarde de domingo aconchegados no sofá embrenhados na felicidade da presença um do outro, sem que seja preciso mais que isso. Traz a energia de acordar cedo numa manhã de sol, com o entusiasmo de uma criança radiante por ir brincar no p...

Olá Pai

Há algum tempo alguém me disse que devia escrever-te. Não tive vontade e a ideia deixou-me revoltada. Ainda não sei se irás ser conhecedor destas palavras, mas agora tenho vontade e necessidade de as dizer. Há muita coisa que não sabes. A primeira, é que quando estamos dentro da bolha não conseguimos enxergar para fora dela, achamos que só existe aquele mundo, que é tudo imaculado e que fora dele é o desespero e que ficamos sem chão. Pois então vou dar-te uma novidade que talvez não saibas: eu desesperei e perdi o chão. Porque tal como tu, só conhecia o mundo dentro dessa pequena e apertada cúpula, onde tu vives e eu acredito que sempre viverás. Sempre vivi sob um céu estrelado que achei que me iria iluminar a vida inteira, que nunca me deixaria perder o rumo, e a verdade é que continuo a viver. Tenho muito de ti, mas sou uma versão muito mais melhorada. Tu, não saberias levantar-te do caos, e eu não só me levantei, como voltei a subir. Sabes porquê? Porque sempre me recusei a ficar al...

O teu nome não é Jonny, é amor

Há dias em que tenho de correr para o ecrã porque sinto que o que me ocupa a cabeça tem de rapidamente ser descarregado antes que se perca na imensidão dos meus pensamentos. Outros que apenas sinto que tenho de dizer algo, mas não sei bem o que. Este é um destes momentos. Estou colada ao ecrã a deixar que os meus dedos deslizem pelas teclas à medida que os pensamentos me surgem. Não sei que tipo de escrita é esta, eu chamo a que me deixa de coração mais calmo, porque neste momento está bem apertado. Chegou ao fim mais um ano. Mas este é especial. Achei que ia ser igual aos outros, meio sem graça, em que andamos aqui a procura de algo que nos faça sentir e tentar idealizar um objetivo que está muito lá ao fundo, mal o vemos, mas guardamos a esperança de um dia o alcançar. Era essa a minha posição, e tristemente tinha-me entregue a ela de corpo e alma. Felizmente tenho pessoas maravilhosas à minha volta que me abrem os horizontes todos os dias. Umas com palavras doces, outras com palavra...

As saudades doem no coração

No dia em que te conheci e sorriste para mim, invejei por segundos a tua boa disposição. Desejei tê-la comigo todos os dias. Porque é muito bom termos ao nosso lado alguém que sorri como nós, que tem uma energia positiva igual a nossa e um astral alto. E isso percebe-se nos primeiros minutos de conversa. Existem pessoas felizes por natureza, pessoas com dias felizes e pessoas que se queixam todos os dias, essas são com certeza infelizes. Percebi que eras dos meus. A vida podia ter-te dado as maiores cargas, eu nem sequer as conhecia ainda, mas tu eras feliz. Dos que acorda num dia de chuva e anseia o arco-íris. Eu que sou de pensar muito e de imaginar cenários, não imaginei nenhum. Embrenhei-me na conversa até perder a hora, perder o motivo e perder o chão. Perdi-me até hoje, em que me sinto completamente envolta neste sentimento que não tinha há tanto tempo quanto me consigo lembrar. Estás a uma distância de 7800km de mim, levaste contigo o coração que eu te entreguei sem sequer...

Coragem

Costuma-se dizer que a vida primeiro nos faz fortes, depois felizes. Sempre ouvi isso. Mas nunca tinha entendido o momento em que me fizeram forte, uma vez que sempre fui feliz. Entretanto, ele chegou. Já há algum tempo. Pontapearam-me, rasgaram-me ao meio e atiraram-me por um precipício. Quando cheguei lá abaixo e acordei, tive de piscar os olhos uma quantas vezes para ter a certeza de que estava viva. Aparentemente, ainda respirava, tinha pulsações e continuava a ter visão, embora muito distorcida da realidade. Não me perguntem como ficou a minha cabeça. Ainda hoje eu não sei dizer.  Quando estava lá em baixo e olhei para cima, ouvi vozes, vi braços estendidos e senti muita energia a envolver-me. Isso deu-me força, mas também me fez perceber que para chegar ao topo eu teria de me recuperar e subir pelo meu próprio pé. Foi aí que começou a jornada da força. Fui buscá-la ao meu mais profundo ser. Fui buscá-la ao fundo do meu coração completamente despedaçado. Foquei-me na esperança...