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Amei-te por cinco minutos...

Às vezes penso se não estou viciada e, faça o que fizer, nunca hei-de sair desta gigantesca bola de neve. Quando tento sair fora, cai sempre um novo nevão que me deixa encurralada mais uma vez.
O tempo foi passando e levando as coisas boas, deixando as más para que eu tivesse força para me lembrar o que podia ou não fazer. Foi aí que chegou o meu raio de sol. Foi tal e qual como nos filmes. Eu estava mal, e tu vieste numa boa altura, vieste na altura em que eu estaria disposta a qualquer tipo de palavra amiga ou carinho. Soubeste aproveitar o momento. Eu começava a achar que a página estava virada e realmente aquele era um novo capítulo da minha vida, em que tu eras a personagem principal. Na verdade, eu não estava enganada, tudo foram capítulos, embora este tenha sido pequeno. Fazer sentir-me bem era aquilo que tu fazias de melhor, porém, há sempre um mas. Tenho pena de certas coisas não se puderem moldar ao nosso jeito, e as pessoas nem fazerem qualquer tipo de esforço para que isso aconteça. Infelizmente não foste excepção à regra.
Eu era realmente capaz de mudar por ti, mas não me peças para viver sem aquilo que mais amo. Foi precisamente aí que erraste. Deste-me tudo menos o principal. Há muito tempo que está tudo confuso e que só procuro respostas, há muito tempo que não faço outra coisa, se não perder tempo. Mas também, haverá alguma outra forma de o ganhar? Tudo o que eu queria era aquilo que tu menos me querias dar. Alguma coisa conseguiste, conseguiste que eu deixasse de me meter em bolas de neve que aumentavam cada vez mais. Mas depois largaste-me, largaste-me com a maior das facilidades, e só eu sei o quão tem sido difícil para mim resistir aquele modelo gigante, branco e gelado que tende a rolar sempre bem perto de mim.
No fundo, eu tenho sido forte, graças a algumas das tuas dicas e a alguma réstia de orgulho, eu tenho-me aguentado firme. Preferia umas mil vezes que estivesses aqui ao pé de mim, mas acho que foi ai que as coisas se confundiram, por vezes, sentia que eras mais útil do que amado. E peço desculpa pelas vezes que vacilei. Eu sei que tu não entendias e eu fingia ser ingénua e dava a desculpa do cansaço mental, da pressão... Eu sabia-o tão bem… Mas por vezes apetecia-me ficar parada, só a olhar, sem mexer sequer um ponto. E tu sempre preferiste deixar as paisagens para depois. Agora eu sei, que somos pessoas diferentes, com perspectivas e pontos de vista diferentes, o que era bom, se conseguíssemos conjugar tais factos.
Já te considerava parte da minha vida, às vezes só no sentido de um bom e indispensável amigo, outras vezes, eras como a água que me mata a sede nos dias de mais calor. Parecia que se não te visse, a minha vida perdia toda a piada que ainda tinha. Mas eu sei, eu sei que na maior parte das vezes era eu quem destorcia as coisas e quebrava tudo o que demorava tanto tempo para construir e poucas eram as vezes em que estávamos ambos de acordo. Mas lembraste das vezes em que assim o era? Muito bom.
Realmente isto não foi o suficiente para escrever um bom livro, não foi o suficiente para derramar lágrimas nem sequer fazer algum tipo de drama, mas fez-me crescer, tu fizeste-me crescer e procurar respostas de perguntas que eu sempre quis ter. Nada foi em vão, nada mesmo, nem mesmo as discussões prévias que eu fazia rebentar assim que te abordava.
Independentemente de agora estar quase tudo como antes de teres chegado, valeu pelo tempo em que permaneceste aqui, comigo, junto a mim.
Nunca vou esquecer nem um único beijo teu. 

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