Avançar para o conteúdo principal

Quinze de Maio de Dois Mil e Oito

Podia ter sido o caminho mais longo de todos, com os seus altos e baixos, com algumas pedras pelo meio, mas mais que tudo podia ter sido o caminho que nós construímos juntos, o nosso caminho. Esquecemo-nos de tantas coisas essenciais e acabamos por nos perder no meio, apenas pairava no ar a dúvida de como poderia ter sido e principalmente porque é que não chegou a ser.
Para mim, tu eras único. Não te consigo delinear, nem dizer ponto por ponto porque isso ia fazer com que me perdesse, apenas consigo ter a certeza de que és a pessoa mais importante da minha vida. Hoje era o dia. Um ano, hoje faz um ano que saímos da aula de matemática precisamente às três horas e vinte minutos, que tu te ajoelhaste diante mim e disseste “queres namorar comigo?” Acho que no momento não tive lágrimas de felicidade para chorar, sorrisos para dar, nem controle sobre o estremecimento que envolvia o meu corpo. Deixaste-me sem palavras, apetecia-me gritar ao mundo que eras meu, que eu era tua, e que estávamos juntos para o bem e para o mal. Foi tudo tão bom, consegui amar-te mais do que a mim própria, só tenho pena de não termos lutado mais, de não termos esperado mais, perdoado mais e sobretudo de tu não teres tido tanta esperança quanto eu. Desistis-te antes do tempo e agora, já não somos nada. Hoje estou especialmente mais triste do que nos outros dias, achei até que podias ter mudado pelo menos a atitude, mas não. Nem hoje! Provavelmente nem te lembraste, e continuaste a infamar-me, quando eu só queria um abraço sentido.
Dia Quinze de Maio de Maio de Dois Mil e Oito, cada vez que oiço este número, ainda tenho arrepios. Mudava tanta coisa, recuava no tempo e fazia tudo de novo mas desta vez, melhor. Custa-me tanto olhar para ti e olhar e continuar a olhar, sem que tu dês conta, e nem uma única vez ser retribuída. Fiz-te assim tanto mal? Porque é que me odeias tanto? Há precisamente um ano atrás, era o mundo para ti. Porque é que deixaste nas minhas mãos todo este amor? Já não posso mais com ele, está cada vez mais pesado.
Podia ser tudo tão diferente… Tão Diferente.

“I'm not a perfect person There's many things I wish I didn't do But I continue learning I never meant to do those things to you And so I have to say before I go That I just want you to know I've found a reason for me To change who I used to be A reason to start over new And the reason is you”

L.Y.A.J.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Depois do medo, vem o mundo"

No dia que li esta frase, foi o momento em que entendi tudo.  Depois de toda a tempestade que passou por mim, senti finalmente que descansava sob uma cama de nuvens, cheia de conforto. Achava que era aquilo a recompensa por tudo o que já me tinha atormentado no passado e entreguei-me sem medo. Entreguei-me como quem está tão cansada que coloca as decisões nas mãos de outra pessoa e desfruta do caminho.  Mas Deus tem sempre um plano maior para nós, mesmo quando não entendemos.  Vivi os melhores dias da minha vida, as melhores semanas e os melhores meses. Amei, fui amada, cuidei, fui cuidada, abracei, fui abraçada, beijei, fui beijada. Depois veio a escuridão. Fui deixada como quem fecha uma janela num dia de sol. Assim, nessa rapidez. Os sonhos, os planos, toda a vida que sonhei, puxada debaixo dos meus pés de repente e sem qualquer hipótese de recuperação.  Seguiram-se dias muito duros. Em que me questionei a mim própria, perguntei-me onde é que não fui suficiente, o...

O que fica, quando alguém se vai

 Após um ano e oito meses de “você é a pessoa que eu sempre quis” “que mulher incrível” “eu nunca te vou deixar, você é a mulher da minha vida”, noites de amor, manhãs de promessas, viagens incríveis e uma vida leve, ele foi-se embora com meia dúzia de malas e um “preciso de paz” preso na língua.  Ele foi, mas eu fiquei. Perdida em pensamentos e à procura de respostas que eu não sabia sequer se iam chegar.  Ao fim de dois ou três tombos na vida, não que fiquemos imunes, porque nunca ficamos, mas aprendemos a lidar com as imprevisibilidades da vida. Desta vez, mais madura e mais consciente, percebi que aquilo que os outros fazem, dizem ou decidem, é sobre eles, não sobre nós. Não nos define.  Este término não fez de mim menos mulher, mais fraca, ou menos capaz. Pelo contrário. Fez-me entender que a intensidade não é para todos, que o fogo queima, arde e faz doer e que chega a um ponto que ninguém quer viver nas chamas. Fez-me entender que quem não conversa com os seus...

Akai Ito

Despedimo-nos com um aperto no peito, um olhar triste e uma promessa de regresso que sabíamos que não íamos cumprir. Disseste-me "Vai viver a tua vida, sê feliz, um dia a gente encontra-se".  Eu podia viver mil vidas, tinha a certeza que esse encontro não ia acontecer.  Fomos viver a nossa vida. Vivemos experiencias que certamente naquela época, juntos, não seria possível. Explorámos tudo o que havia para explorar, separados. Fomos vida, demos vida, deram-nos vida a nós. Felizmente, agora sei, não a suficiente. Lembro-me de querer sempre saber de ti, perguntar por ti, não perguntar e ainda assim querer saber se eras feliz. Lembro-me até de ficar feliz pelas tuas conquistas. Guardei-te com amor e carinho num lugar só teu onde mais ninguém tinha acesso e o tempo passou. Faz quinze anos que te amei ao ponto de sofrer horrores por saber que não podíamos ficar juntos, embora quiséssemos. Éramos miúdos. Cheios de vontades e com pouca sabedoria. Olhar para ti naquela altura era como...