Avançar para o conteúdo principal

Perdeu-se o mais importante

Nunca fui pessoa de acreditar em contos de fadas, até porque o meio onde nasci não me permitiu isso. Nunca me faltou nada. Posso dizer que fui a típica criança feliz, mas com o passar dos tempos as coisas não são mais assim. Hoje, pela primeira vez na minha vida, sinto-me verdadeiramente triste. Sinto que o mundo vai mesmo desmoronar-se e o pior de tudo é que desta vez não depende de mim para o puder agarrar! É estranho falar sobre algo que até temos dificuldade em pensar. Algo que sempre nos deu motivo de orgulho, é agora o motivo que nos provoca mais dor. Há sempre qualquer coisa que acontece nas nossas vidas ás quais nós dizemos “quero morrer, a minha vida acabou” e às vezes isso é tão em vão que devíamos ser castigados só por isso. Realmente nunca podemos dizer que temos tudo. A perfeição seria, a família feliz, um namorado que fosse nosso amigo e nos compreendesse, dinheiro para os estudos, para uma habitação e para os bens essenciais. Isto é o essencial. Não há direito de me tirarem nenhuma destas coisas. Olho para tanta gente todos os dias, algumas parecem-me tão felizes, com uma boa indumentária e algo que as faz parecer indestrutíveis mas o que é que será que essas pessoas não têm, que não é visível à vista de todas as outras? Há sempre qualquer coisa. Outras parecem-se com um dia de tempestade, como eu, neste momento. Em que se vê que cada passo é um sacrifício, cada dia é mais uma luta, mas de certeza que têm qualquer coisa tão valiosa que se perdessem faria com que deixasse de haver razão para viver.
Eu já me dava por muito feliz, muito feliz mesmo por ter tudo o que sempre desejei, e ainda para mais um namorado que considero a melhor pessoa que poderia ter a meu lado, que me quer tanto bem como os meus próprios familiares, que é meu amigo, me apoia nas horas difíceis e me seca as lágrimas sempre que as deixo cair. Mas e o que fazer quando a família que sempre nos deu motivos de orgulho se desmorona? A vida é feita de rotinas, mal damos dois passos, estamos numa rotina pegada, o truque está em saber quebrar todas as monotonias e acima de tudo amar, amar muito, amar incondicionalmente, amar até não ter mais forças. Eu amo tanto! Porque é que toda a gente não é como eu? É tão fácil dar e receber amor… Porque é que há pessoas que simplesmente se acomodam e acham que não têm mais de dar amor à pessoa que sempre os acompanhou? E depois tudo acaba e ficam infelizes. Porquê não fazer por mudar enquanto há tempo? Porque deixar o barco afundar e não fazer nada em contrário?
A vida é linda se a soubermos levar, ainda assim, às vezes trama-nos no que menos esperamos. E eu o que julgava mais seguro, sinto-o a perder-se. ..


Comentários

Mensagens populares deste blogue

"Depois do medo, vem o mundo"

No dia que li esta frase, foi o momento em que entendi tudo.  Depois de toda a tempestade que passou por mim, senti finalmente que descansava sob uma cama de nuvens, cheia de conforto. Achava que era aquilo a recompensa por tudo o que já me tinha atormentado no passado e entreguei-me sem medo. Entreguei-me como quem está tão cansada que coloca as decisões nas mãos de outra pessoa e desfruta do caminho.  Mas Deus tem sempre um plano maior para nós, mesmo quando não entendemos.  Vivi os melhores dias da minha vida, as melhores semanas e os melhores meses. Amei, fui amada, cuidei, fui cuidada, abracei, fui abraçada, beijei, fui beijada. Depois veio a escuridão. Fui deixada como quem fecha uma janela num dia de sol. Assim, nessa rapidez. Os sonhos, os planos, toda a vida que sonhei, puxada debaixo dos meus pés de repente e sem qualquer hipótese de recuperação.  Seguiram-se dias muito duros. Em que me questionei a mim própria, perguntei-me onde é que não fui suficiente, o...

O que fica, quando alguém se vai

 Após um ano e oito meses de “você é a pessoa que eu sempre quis” “que mulher incrível” “eu nunca te vou deixar, você é a mulher da minha vida”, noites de amor, manhãs de promessas, viagens incríveis e uma vida leve, ele foi-se embora com meia dúzia de malas e um “preciso de paz” preso na língua.  Ele foi, mas eu fiquei. Perdida em pensamentos e à procura de respostas que eu não sabia sequer se iam chegar.  Ao fim de dois ou três tombos na vida, não que fiquemos imunes, porque nunca ficamos, mas aprendemos a lidar com as imprevisibilidades da vida. Desta vez, mais madura e mais consciente, percebi que aquilo que os outros fazem, dizem ou decidem, é sobre eles, não sobre nós. Não nos define.  Este término não fez de mim menos mulher, mais fraca, ou menos capaz. Pelo contrário. Fez-me entender que a intensidade não é para todos, que o fogo queima, arde e faz doer e que chega a um ponto que ninguém quer viver nas chamas. Fez-me entender que quem não conversa com os seus...

Akai Ito

Despedimo-nos com um aperto no peito, um olhar triste e uma promessa de regresso que sabíamos que não íamos cumprir. Disseste-me "Vai viver a tua vida, sê feliz, um dia a gente encontra-se".  Eu podia viver mil vidas, tinha a certeza que esse encontro não ia acontecer.  Fomos viver a nossa vida. Vivemos experiencias que certamente naquela época, juntos, não seria possível. Explorámos tudo o que havia para explorar, separados. Fomos vida, demos vida, deram-nos vida a nós. Felizmente, agora sei, não a suficiente. Lembro-me de querer sempre saber de ti, perguntar por ti, não perguntar e ainda assim querer saber se eras feliz. Lembro-me até de ficar feliz pelas tuas conquistas. Guardei-te com amor e carinho num lugar só teu onde mais ninguém tinha acesso e o tempo passou. Faz quinze anos que te amei ao ponto de sofrer horrores por saber que não podíamos ficar juntos, embora quiséssemos. Éramos miúdos. Cheios de vontades e com pouca sabedoria. Olhar para ti naquela altura era como...