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PS: I love you

Involuntariamente, consegues proferir as palavras mais duras de ouvir. Está a tornar-se cada vez mais estranho e cada vez mais doloroso, talvez porque realmente o tempo está a esgotar, cada vez falta menos tempo para o primeiro dia do resto da minha vida. Noto uma certa diferença da tua parte, já não consegues passar por mim sem me chamar algum nome, sem me atirar com um papelinho que arranjas à pressa, ou até mesmo sem me tocar sorrateiramente. Isto tudo eu nomeio como chamadas de atenção e no fundo sei o que queres com isto, queres fazer um pedido – Não vás! Ainda te conheço, e sei que era a tua vontade mas o orgulho é ainda algo abstracto que não consegues por de lado, compreendo, mas acredito que sofras tanto ou mais que eu, com isso. Às vezes gosto de te ouvir dizer coisas como “Vai-te embora”, pois nota-se à distancia que te importas bastante comigo, e que é a última coisa que queres… Mas desta vez saiu-te o tiro pela culatra e já é mesmo tarde. Vinte dias, é verdade, faltam apenas vinte dias, e acabasse tudo. O teu pedido vai ser realizado. Sim, vou-me mesmo embora da tua vida. Lembro-me que te pedi para dizeres quando sentisses saudades, e aguardo uma resposta tua, muito brevemente.
Não posso negar que apesar de muito feliz por ir começar uma nova etapa da minha vida, estou triste, como se todos os membros do meu corpo quisessem fazer uma greve para não se mexerem, e ficarem por cá. Talvez seja uma comparação um pouco estúpida, mas ultimamente não me tenho sentido outra coisa… Estúpida. Às vezes tenho medo, muito medo. Medo de estar a cometer o maior erro da minha vida, e de me vir a arrepender e depois ser tarde para recuperar o tempo perdido. Mas por outro lado, acho que não posso perder ainda mais do que já perdi, a partir de agora resta esperar, alcançar e ganhar! Pena que tudo seja longe de ti, e que em nada destes factos estejas incluído.
Isto não faz sentido nenhum, estar-me a afastar de ti, aos olhos de muita gente é fugir aos problemas visto que ao longo dos dias ainda dou por mim perdida em pensamentos vazios que interiormente enchem a minha cabeça, o meu corpo, a minha mente… Preenche-me por completo. Visto que ainda olho para um beijo inocente e lembro-me de todos aqueles que demos e que nos faziam esquecer tudo o resto… Talvez isto tudo seja realmente ridículo, talvez tenha sido tudo ridículo e nada tenha feito sentido, afinal, ainda sou uma criança, que raio de sentimentos penso eu que estou a ter? Já cheguei a pensar que amanha vou acordar e já nem me vou lembrar de ti. Mas não, todos os “amanhã” me trazem mais recordações de ti, e cada dia que passa, uma nova acção feita por mim ou por outra pessoa me faz pensar “já fiz aquilo com…” ou até mesmo “a última fez que ai estive foi com…”. Tenho a certeza que entendes claramente tudo aquilo que quero dizer.
Mesmo assim, depois de tudo aquilo que me dizes, que me fazes, sendo de tudo, menos de bom grado, eu não te consigo odiar o mínimo que seja. Posso parecer idiota mas cada vez que me rebaixas só me apetece dizer o quanto gosto de ti. Talvez ainda na esperança de que pares e penses “Que estou eu a fazer perante a pessoa que mais me ama?”. Provavelmente isto são só ilusões da minha cabeça, e nunca na vida vais chegar a esta plena conclusão, o que me deixa triste, muito triste.
Mas agora o tempo das mágoas terminou. A minha agenda não guarda mais espaço para chorar, nem para pensar no quanto foi bom. Apenas no quanto será daqui para a frente e isso, eu tenho certeza, será incomparável com todos os tempos que julgava os melhores.

“André, na verdade, a maior parte dos textos que escrevo e coloco aqui, são directamente direccionados para ti. Nunca terei problemas em admiti-lo, seja para quem for. Não queria que pensasses que tudo isto é como o diário de alguém sofredor, mas como a experiência de uma vencedora! É isso que eu sou, depois de tudo, nada menos do que isso me posso considerar!
A vida pregou-nos muitas partidas, colocou-nos muitos obstáculos alguns conseguimos ultrapassar e provamos que duas forças juntas valem mais do que todos os males. Mas infelizmente a maior parte dos estorvos não foram ultrapassados talvez porque fraquejamos demais, porque deixamos de acreditar, qualquer coisa, não sei bem qual foi o motivo mas foi provado que a falta de confiança é capaz de mandar abaixo tudo o que demorou muito tempo a construir. E, por vezes, a desistência não significa falta de coragem mas não ter certeza de que tudo vai valer a pena. Como tu sabes, esta frase está de longe enquadrada em mim, que nunca desisti e que sempre achei que ia valer a pena. Para ser sincera, eu acho que um minuto basta para mudar o mundo, e a nós, ainda nos resta vinte dias, cabendo-te a ti escolher o que fazer deles.
Infelizmente, André, Chegou mesmo ao fim. Desta vez não é aquele fim de “Basta, para mim chega” que acabava por repetir-se vezes sem conta. Desta vez é mesmo aquele fim de quem vai embora e deixa para trás apenas uma história e por muito que custe admitir, terminada. Foi um erro que sempre tive tendência em dar, achei por inúmeras vezes que ainda estava algo por terminar, quando afinal tinha sido apenas um triste fim em que não fomos felizes para sempre, ao contrário do que sempre dissemos. Gostava de me poder despedir de ti olhos nos olhos, dizer-te tudo o que sinto e ficar minimamente bem, sabendo que perdi um namorado, mas continuei com um amigo, que sempre julguei bem. Gostava que me ouvisses e fosses sincero, dissesses que ias sentir a minha falta e que nunca me ias esquecer. Mas provavelmente tens estado a ser sincero nos dias que passas por mim e me olhas com um olhar de quem transborda fúria, e eu é que não reparei nisso. Desculpa a minha inconveniência.
Tenho a certeza de que um dia, quando for bem velhinha e estiver numa cama prestes a morrer e a recordar os bons momentos da minha vida, na maior parte deles, tu vais estar incluído. Ou se por acaso o meu destino seja outro qualquer, tu serás sempre a minha última visão.
Já não te sei descrever mais. Nunca te esqueças de mim e do que fomos juntos.

PS: Amo-te.


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