É sempre muito fácil para quem diz “liga o
des-complicador”, mas e saber accioná-lo? As coisas estão realmente feias e
doentias, imagino-me neste mesmo mundo, daqui a alguns anos. Está tudo a dar
amostras de tão assustador… As pessoas estão a dar-se a conhecer, e parecem
tudo menos humanas, têm todos os pensamentos menos os racionais. Uns dizem
“mata” outros “esfola”, e onde está tudo o resto? Onde está o lado bom e colorido
das coisas? A mim dizem-me para amar o próximo, para amar todos os irmãos, mas como
é que posso amar uma espécie que já nem conheço? Já não me identifico com nada,
nem ninguém. Antes gostava dos dias de chuva. Eram aqueles que me confortavam
mais, sabia que depois de haver tais fenómenos naturais tão magníficos, tudo na
vida haveria de ser perfeito. O vento a soprar-me na cara… Não havia pensamento
forte e tenebroso que resistisse. As gotas frias que caiam do céu directamente
para a minha cara, tinham um sabor tão neutro, que nem se conseguia perceber,
sabiam a vida, a natureza. E os relâmpagos, sentia-me contente por haver um
fenómeno que dava um certo brilho cintilante à vida sempre com um rasto de riso
forte e estrondoso.
Hoje parece que já não sinto mais isso, está tudo tão
agregado, antes havia um certo tempo para cada fenómeno, agora querem todos
actuar ao mesmo tempo, e a culpa não é de mais ninguém, se não daquelas
espécies estranhas, às quais não me identifico mais. Às vezes penso no
problema, se realmente existe um problema, e penso se é meu, ou do mundo. Penso
se sou a única pessoa consciente capaz de gastar tempo a pensar em coisas que
ninguém perde tempo a pensar, ou se sou essa mesma pessoa, mas no formato mais
doido que pode haver. Apesar de nunca ter chegado a nenhuma conclusão concreta,
torno sempre a perder o meu tempo a pensar nisso. Gostava que as coisas boas do
mundo dessem maior sinal de vida antes que nos perdêssemos no abismo que
estamos a construir e que um dia será o nosso mundo, o nosso planeta. E gostava
também que as pessoas que nele habitam fossem mais bonitas por dentro. Que a
vingança não fosse um sentimento que fornece tanto prazer, e que sorrissem mais
vezes… E por falar em sorrir, já alguma vez observaram a lua? Quanto vale o
sorriso da lua, o sorriso das estrelas? Quando vale poder ver as cores naturais
que nos são oferecidas pena natureza? Quanto vale sentir o gosto do mar e ver
um pôr-do-sol? Ainda assim, gostava de conhecer o fim do arco-íris, mas chego
sempre tarde demais…
Há coisas mágicas, não há?
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