“Disparei. Eu só disparei…
Nem olhei para ver em quem e para falar a verdade, fi-lo até de olhos fechados e não consegui parar de tremer um segundo que fosse. Na minha cabeça apenas habitava o barulho de tal explosão. Conseguia imaginar os milhões de rostos a correr, como se o mundo acabasse ali. Uns sentavam-se e choravam, outros corriam sem destino, gritavam e ouviam-se alguns rumores daqueles a quem, tal coisa, não passava de um simples tiro.
Mantive os meus olhos fechados, fiquei com medo e senti-me sozinha no meio de milhões. Senti em mim, a dor de todos aqueles que se sentiam aterrorizados. Sentia-me culpada de tudo aquilo que ali se passava e tudo aquilo que se podia fazer, já havia sido feito e era nada! Num acto de angústia, larguei as armas, deitei-me no chão e deixei que todos aqueles que corriam me pisassem como se não passasse de uma pedra, sem sentimentos, sem dor. Depois de toda aquela agitação, senti uma brisa, era mais um sopro no ouvido. Qualquer coisa como “Jéssica, acorda! Estás a sonhar”. (…)”
Afinal, toda aquela confusão, não passava de um sonho. E eu com tanto medo… Voltei a encostar a cabeça na almofada e pensei sobre o assunto. Pensei que poderia ter sido real, e foi ai. Foi ai que me lembrei que não era assim tão ilusório quanto ambicionava ser. Afinal, eu já tinha provocado uma explosão, embora eu tenha sido a vitima. Eu já tinha chorado, gritado, corrido sem rumo. Já me tinha sentido sozinha no meio de mil e mais que isso, já tinha sentido em mim a dor de todos aqueles que sentiam medo. Medo e fraqueza. Já vi o mundo acabar à minha frente e já quase perdi a esperança. Já tive vontade de desistir de tudo, quando percebi que apenas o tempo me podia salvar, apenas o tempo podia dar tempo e fazer com que as minhas lágrimas secassem, as minhas dores deixassem de doer e toda a minha mágoa deixasse de existir. Tive tanta fé, sonhei tanto com uma realidade só minha, que acabei por conseguir chegar ao fim de todo este pesadelo. Consegui perceber que nem sempre se pode insistir em algo que já não tem sustento possível.
Consegui ser a prova real de que o tempo cura tudo, até os maus-olhados. Consegui guardar no fundo do baú tudo aquilo que me fazia fraquejar e esquecer-me de mim própria.
Hoje, tenho comigo a chave, a chave que me leva a um passado triste mas edificante, consigo roda-la e abrir o mais longo baú de memórias que já alguma vez vi. Consigo dispor-me a ouvir e sentir tudo outra vez, como se fosse real, apenas com uma diferença: Hoje, já nada faz sentido, são tudo memórias e quanto às memórias eu costumo dizer, “são para recordar”.
«Nem sempre a nossa vida se torna num sonho em que acreditamos ou que gostávamos de acreditar. Mas muitas das vezes os sonhos entram na nossa vida, fazem-nos viver tudo de novo, sentir tudo aquilo que já havíamos sentido e no fim, não passam de isso, idealidades».
In memory;
Nem olhei para ver em quem e para falar a verdade, fi-lo até de olhos fechados e não consegui parar de tremer um segundo que fosse. Na minha cabeça apenas habitava o barulho de tal explosão. Conseguia imaginar os milhões de rostos a correr, como se o mundo acabasse ali. Uns sentavam-se e choravam, outros corriam sem destino, gritavam e ouviam-se alguns rumores daqueles a quem, tal coisa, não passava de um simples tiro.
Mantive os meus olhos fechados, fiquei com medo e senti-me sozinha no meio de milhões. Senti em mim, a dor de todos aqueles que se sentiam aterrorizados. Sentia-me culpada de tudo aquilo que ali se passava e tudo aquilo que se podia fazer, já havia sido feito e era nada! Num acto de angústia, larguei as armas, deitei-me no chão e deixei que todos aqueles que corriam me pisassem como se não passasse de uma pedra, sem sentimentos, sem dor. Depois de toda aquela agitação, senti uma brisa, era mais um sopro no ouvido. Qualquer coisa como “Jéssica, acorda! Estás a sonhar”. (…)”
Afinal, toda aquela confusão, não passava de um sonho. E eu com tanto medo… Voltei a encostar a cabeça na almofada e pensei sobre o assunto. Pensei que poderia ter sido real, e foi ai. Foi ai que me lembrei que não era assim tão ilusório quanto ambicionava ser. Afinal, eu já tinha provocado uma explosão, embora eu tenha sido a vitima. Eu já tinha chorado, gritado, corrido sem rumo. Já me tinha sentido sozinha no meio de mil e mais que isso, já tinha sentido em mim a dor de todos aqueles que sentiam medo. Medo e fraqueza. Já vi o mundo acabar à minha frente e já quase perdi a esperança. Já tive vontade de desistir de tudo, quando percebi que apenas o tempo me podia salvar, apenas o tempo podia dar tempo e fazer com que as minhas lágrimas secassem, as minhas dores deixassem de doer e toda a minha mágoa deixasse de existir. Tive tanta fé, sonhei tanto com uma realidade só minha, que acabei por conseguir chegar ao fim de todo este pesadelo. Consegui perceber que nem sempre se pode insistir em algo que já não tem sustento possível.
Consegui ser a prova real de que o tempo cura tudo, até os maus-olhados. Consegui guardar no fundo do baú tudo aquilo que me fazia fraquejar e esquecer-me de mim própria.
Hoje, tenho comigo a chave, a chave que me leva a um passado triste mas edificante, consigo roda-la e abrir o mais longo baú de memórias que já alguma vez vi. Consigo dispor-me a ouvir e sentir tudo outra vez, como se fosse real, apenas com uma diferença: Hoje, já nada faz sentido, são tudo memórias e quanto às memórias eu costumo dizer, “são para recordar”.
«Nem sempre a nossa vida se torna num sonho em que acreditamos ou que gostávamos de acreditar. Mas muitas das vezes os sonhos entram na nossa vida, fazem-nos viver tudo de novo, sentir tudo aquilo que já havíamos sentido e no fim, não passam de isso, idealidades».
In memory;
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