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B.M.

Ainda não sei bem dizer qual o lugar que tens na minha vida, talvez, porque se calhar isso não é o mais importante. Mas sei dizer que tens um lugar. E isso sim, é importante. Sei dizer que és talvez o homem perfeito, no sentido mais astuto da palavra. Sei dizer que apesar de tudo, sempre ouvi da tua boca “palavras dilectas”, palavras essas que tu sabias colocar no sítio certo, na hora correcta, e isso fez de ti alguém com mais valor, de certo modo.
Para ser muito sincera, eu gosto de ti. Gosto de ti, não sei como, mas a verdade é que gosto. Gosto da maneira com que sorris, gosto da maneira de como olhas para mim, mesmo sem ser a mim que os teus olhos estão a querer ver, gosto de cada fio de cabelo loiro que tens, gosto de ouvir a tua voz quando o silêncio já não é tom de exultação para meu bem-estar, enfim, gosto…
Ainda que tu, não querias ou não consigas perceber o grau de intensidade do qual a minha afeição está exposta a ti, eu aceito… Mas não aceito quando não me queres ouvir. Não aceito quando negas qualquer tipo de interjeição e não gosto dessa maneira desengraçada como me vês para ti (tu sabes aquilo que me refiro).
Também sei que por muitas que sejam as vezes que queiram entender, só tu é que vais perceber o que aqui tenho escrito, porque é a ti que me dirijo. Gostava de uma maneira ou de outra, que fosses eterno (ou fossemos), gostava de saber qual era o fim de algo ao qual não se dá um início, gostava de saber qual o rumo que cada um irá tomar e especialmente declarar o complemento circunstancial de companhia.
Queria poder nomear uns milésimos, uns segundos, uns minutos ou possivelmente umas horas, mas todo o tempo que amontoei para ti, foi tão mais que isso que eu já não me vejo no direito de perguntar “Quanto tempo?”, mas sim “O que é o tempo?”
Entendes? Pode parecer confuso, mas é tudo tão claro como o teu respirar e como a tua maneira de ver as coisas claras da vida.
Queria-te apenas fazer um pedido: Já que és mais que palavras, já que não te descrevo bem à primeira vista, então fica pertinho. Não deixes que a impossibilidade seja a causa mãe. E para que não reste mais dúvidas em relação a qualquer tipo de perplexidade: Desde o início até aqui, ainda continuo a gostar de ti.
Sem dúvida que és um “dom”, que eu queria ter.


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