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Pink

Tal como uma rosa, que traz dor e sofrimento nos espinhos que a compõe, tu trouxeste exactamente o mesmo. Ainda assim, em mim está contida a saudade, a saudade de não poder sentir o perfume que um dia a rosa mais bonita me pode oferecer. Hoje, tento, volto a tentar, e a única coisa da qual tenho certeza é a dor, a dor e o sofrimento. Como se a mais bela rosa, a que alegrava os meus dias, a que me dava força e garra para encarar tudo e todos, estivesse murchado, perdesse o brilho, perdesse a cor e o perfume. Morresse para mim. Roubaste-me a coisa de que eu mais precisava, e agora, estou sem forças. Não tenho mais forças para a recuperar, e oferecer a quem realmente merece. Trouxeste me alegria, é verdade! Mas de que vale a sensação de felicidade quando de um momento para o outro nos tiram o chão? Nos cortam a raiz, e ficamos sem nada, sem lembrança fixa, apenas com as memórias que com o tempo se vão apagando. E resta a saudade, que ao contrário de tudo, vai chegando cada vez mais forte. Posso até estar a ser fraca, estar a baixar os braços, e ninguém compreender. Mas é o que sinto, é a vontade que tenho, vontade de largar tudo, e fugir. Fugir, para bem longe, para um sítio onde pudesse encontrar a mais linda rosa, que deixa-se ser tratada, e não me pica-se no preciso momento em que lhe estou a sorrir. Mas às vezes pergunto-me: será que esse sítio existe? Será que um dia vou poder tirar o gosto das coisas boas sem ser magoada? Ou será que esta vida é assim para com todos? Será que o valor justificado das coisas se mede aos palmos e a dor só pode acabar quando abandonarmos esta caravela que nos transporta por este mar que é de tudo, menos de rosas? Só pedia uma certeza: que fosses meu. E um desejo: para sempre! 

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