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Quando tudo muda

Eu disse que seria para sempre, lembras-te disso? Disse imensas vezes na maior das certezas, e tu sempre concordas te. Cheguei a acreditar em tudo aquilo que dizia e a acreditar sobre tudo que tu me levavas a sério. Até ao dia em que tudo exauriu e ai esquecemo-nos de todas as promessas já alguma vez feitas, esquecemo-nos do nosso “para sempre” e fomos egoístas ao ponto de pensar só em nós, e de esquecer o amor que sentíamos um pelo outro… talvez a culpa tenha sido minha, aliás, eu sei que foi e admito. Mas eu sou suficientemente sensata para admitir que parte da culpa foi minha, e tu? Também és? És homem para admitir os teus erros? Para além do bem, fizeste me muito mal. Tão mal, que esse mal ajudou-me a ter forças para pôr um fim a tudo. Consegues imaginar o quanto me custou pôr um fim a uma coisa que eu achava que era única e que ia mesmo durar? Não, não consegues. Nunca tiveste essa capacidade. Mas sabes o que digo hoje? Desces-te de uma maneira inexplicável, mudas-te de uma maneira que hoje consegues passar despercebido! Eu já não te conheço, a pessoa querida e compreensível que havia em ti, morreu! Talvez fui eu que fiz com que isso acontecesse, mas mais importante, fui eu que fiz com que ela nascesse, e nasceu para mim. E da mesma maneira, para mim morreu! Nesse tempo era tudo perfeito, eu achava que estava a viver um conto, e eu estava feliz… e hoje custa-me! Desculpa se continuo a insistir, mas como é que um sentimento tão forte pode morrer assim? Como é que alguém pode mudar tanto? Como é que o amor e o ódio são duas coisas tão diferentes que estão tão perto uma da outra? Eu não sei… Tu sabes? Pára e pensa se tudo valeu a pena. Já pensaste? Então se bem te conheço a tua resposta é não. Então digo-te desde já que tudo valeu a pena, nem que tenha sido para aprender com os erros. Guardo bem no fundo do meu coração todos os bons e grandes momentos que vivemos juntos, que nunca tinha vivido com ninguém, e quando voltar a viver, nunca da mesma forma, eu hei-de me lembrar sempre que foste o primeiro, o meu grande amor, o que me ensinou muita coisa! Por ti era capaz de tudo, ia contra tudo e conta todos (sabes disso).
Tudo tem um fim, eu costumo dizer que tudo acaba em bem, e se estamos mal, é porque ainda não acabou. 

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